Livro: O Oceano no Fim do Caminho
Autora: Neil Gaiman
Editora: Intrínseca
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Vou dizer uma coisa importante para você. Os adultos também não se parecem com adultos por dentro. Por fora, são grandes e desatenciosos e sempre sabem o que estão fazendo. Por dentro, eles se parecem com o que sempre foram. Com o que eram quando tinham a sua idade. A verdade é que não existem adultos. Nenhum, no mundo inteirinho.
(...)
As crianças, como eu já disse, seguem caminhos alternativos e secretos, ao passo que os adultos vão por ruas e caminhos predeterminados.
Quando crianças, ouvimos um monte de histórias com as mais diferentes finalidades: nos ensinar uma lição, apresentar algum conceito moral, criar receios ou tirar medos e até mesmo esclarecer aquelas dúvidas de tirar o sono.
Por mais absurdas que algumas destas histórias pareciam, quase sempre acreditávamos nelas, repetíamos e aprendíamos de fato alguma lição. E vou além: muitas vezes, quando descobríamos como as coisas aconteciam pra valer, nossa mente teimava em preferir a versão fantasiosa, mais divertida e mais fácil de assimilar.
O problema é que, conforme crescemos, essa capacidade de ouvir alegorias e acreditar nelas vai se esgotando. Vamos fincando nossos pés na realidade e, tudo aquilo que sai um pouquinho que do real para o fantasioso passa a ser absurdo. Tudo precisa ter sentido, explicação, comprovação. E é engraçado pensar nisso, pois costumamos dizer que, na verdade, são as crianças que precisam de explicação para tudo, que enchem o mundo com seus intermináveis porquês.
Pois bem, o ponto é que eu li muito por aí que a história desse livro não faz o menor sentido, que é um pouco difícil de compreender e... Não, não é!
O protagonista tinha apenas sete anos quando esta sequência de eventos surreais e assustadores aconteceram. Obviamente suas lembranças condizem com sua idade e dificilmente saberemos o quanto daquilo tudo foi verdade. Talvez nem ele mesmo saiba ou se lembre.
Mas a mensagem principal nem é essa, e se você ler o livro entenderá o que estou dizendo. Quando a gente se deixa levar, sem buscar significado em tudo o tempo todo, toda história fantástica se torna real e podemos fazer parte dela sem dificuldade alguma.
É preciso saber voar. No caso de O Oceano no Fim do Caminho, é preciso saber nadar. Sem ter medo de se afogar. E se o medo aparecer, sempre haverá uma mão para te segurar.
Seria chato, saber tudo.
(...)
Não é nada especial, saber como as coisas funcionam. E você precisa realmente deixar tudo para trás se quiser brincar.
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